quinta-feira, 26 de maio de 2011

O povo brasileiro tem condições de portar arma de fogo?
 



Tem certos incidentes que não ‘vazam’ para a imprensa porque, felizmente, os resultados não são trágicos. Já em outros casos, não dá para segurar. Mas veja bem: nesses pouco mais de dois que os agentes penitenciários concursados assumiram seus postos na Paraíba, mais de dez acidentes com armas de fogo já aconteceram em presídios do estado. Em pelo menos um deles (o que temos conhecimento) um agente saiu ferido com um tiro na perna.
Na última turma de alunos do Curso de Formação de Soldados, um PM-recruta acabou disparando uma metralhadora em sua própria perna. Não tivemos mais informações do caso e não sabemos se ele está na ativa.
Recentemente, um policial civil na Bahia acabou matando o próprio companheiro com um tiro na cabeça, durante uma demonstração de defesa pessoal com a arma. E olha que ele era um especialista no assunto...
Esses três primeiros parágrafos do texto dão o tom do nosso posicionamento a respeito da conturbada discussão sobre porte de armas para a população em geral no Brasil. É certo que seremos contrariados – e este é o objetivo: fomentar o debate –, mas, a preço de hoje, temos a seguinte opinião: o povo brasileiro não tem condições de portar uma arma de fogo.
Concordamos plenamente que, diante de tanta violência, o cidadão tem sim o direito de se defender. O problema é que este mesmo cidadão não dispõe de capacidade técnica, psicológica e disciplinar para usufruir esse direito e sair armado por aí.
Tomemos como parâmetro o direito de dirigir. Em tese, o sujeito deve ser capacitado, “bem treinado” antes de pegar no volante, para não cometer atrocidades. E o que vemos todos os dias? O trânsito mata mais do que a guerra do tráfico em determinadas regiões do país...
Numa cidade como Campina Grande, um final de semana ‘comum’ registra dois ou três homicídios. E o dobro de acidentes com motos. Ou seja, o povo não tem condições de possuir uma CNH, e muitas pessoas que a possui conseguiram o documento naquele ‘jeitinho brasileiro’, o que explica parte desses acidentes.
Agora, imaginemos que de uma hora para outra, o cidadão conquista o direito de andar armado. Os defensores da ideia dirão que “tudo será bem planejado, o povo será ‘bem treinado’ e ninguém poderá pegar em armas sem antes passar por um treinamento”. Tal qual se diz com a CNH. Alguém acredita nisso?
Num país como o Brasil, onde a corrupção campeia o meio policial, atinge o Judiciário, domina a política e se esconde nos templos das mais variadas denominações religiosas que se tem notícia, comprar uma arma de fogo sem efetuar um disparo sequer seria mais fácil do que prometer uma ‘PEC’ em ano de eleição. Seria o caos!
Já pensou aquele sujeito alcoólatra numa mesa de bar, com uma arma na cintura, lembrando da mulher que o traiu? As discussões de trânsito, que não raro acabam em agressões físicas, iriam se limitar a socos e pontapés? E como o povão brasileiro, com todo o desleixo que o caracteriza, iria guardar uma arma com crianças, doentes mentais e idosos ‘esclerosados’ em casa?
Não, não. O povo brasileiro não é capaz de usar uma arma. Se – SE! – tivéssemos num patamar cultural mais elevado, até que poderíamos começar a pensar no caso. Mas ‘seu Chico’ da esquina, toda vez que bebe, bate na mulher. O filho de um vereador (notadamente nas cidades pequenas) pensa que é dono do mundo e não nos estranharia se quisesse atirar até na polícia (hoje em dia chega perto...). As mulheres, que também são cidadãs, também teriam o direito de ter sua arma. E se elas já dão aquela dor de cabeça no trânsito, imagine se lembrariam de não colocar o dedo no gatilho quando fosse mostrar às amigas a mais nova Glock que acabara de comprar...
Armas de fogo só para profissionais da segurança pública! Seja homem ou mulher; novo ou idoso. Só quem passa por treinamentos periódicos com esses brinquedos feitos para matar é que deve ter esse direito.
Deveria ser assim com a CNH. E a julgar pelo nível de ‘organização’ que nós temos, jamais seria assim com a liberação do armamento. Infelizmente.

texto: Redação/ParaibaemQAP

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