quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Traficantes tentaram retomar a Vila Cruzeiro para desgastar Exército, diz polícia

Após tiros, bonde de 50 criminosos não conseguiu alcançar favela vizinha ao Alemão

Bueiros Alemão
Bandidos montam barricada com tampas de bueiro para impedir que a polícia entre na comunidade


O ataque de traficantes ao Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, na noite de terça-feira (6) teve como principal objetivo desgastar a imagem do Exército, que ocupa o conjunto de favelas desde novembro passado, segundo avaliação da cúpula da segurança do governo. A ação dos criminosos, que forçaram retomada de território na Vila Cruzeiro (Complexo da Penha, vizinho ao Alemão, e também ocupado pelos militares) pegaria carona nos recentes conflitos entre militares e moradores nessas comunidades.
Veja fotos da noite de ataques no Alemão
De acordo com setores da inteligência do Estado, um bonde de dez carros com 50 criminosos tentava chegar à Vila Cruzeiro por meio dos morros do Adeus e da Baiana. Apesar de pertencentes ao Alemão, essas comunidades não eram patrulhadas pelos militares. Após o intenso tiroteio na noite de terça que levou pânico a moradores, essas favelas passaram a ser ocupadas pela Polícia Militar que vasculha a área com a ajuda do Exército à procura dos traficantes.
O grupo criminoso não conseguiu alcançar a Vila Cruzeiro, favela que dominava antes da ocupação. Durante a tentativa de invasão, houve confronto com militares e policiais e os traficantes recuaram.

Até a noite de quarta-feira (7), nenhum suspeito havia sido preso na região. Como os morros do Adeus e Baiana têm dezenas de acessos, a chance de fuga é grande.

Alemão: escalada de conflitos
Um dia após o ataque, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, admitiu que os confrontos no Alemão foram articulados por traficantes de fora que querem retomar o controle do conjunto de favelas, conforme antecipado com exclusividade pelo R7 logo após o ataque.

Beltrame disse que a polícia já sabe o número de criminosos e de onde eles partiram, mas não quis dar mais detalhes.



Os ataques aconteceram horas após o Exército divulgar um vídeo em que mostra suposta venda de drogas no conjunto de favelas do Alemão.

A escalada da violência começou no último domingo (4), quando moradores e integrantes da Força de Pacificação se envolveram em conflito no Alemão. Segundo o comandante do Comando Militar do Leste, o general Adriano Pereira Júnior, os soldados teriam caído em uma “armadilha” ao tentar abordar dois homens flagrados vendendo drogas. Eles se esconderam no bar, onde moradores assistiam a um jogo de futebol na TV, e deram início a um tumulto.

Uma das versões iniciais era de que o tumulto teria começado porque os soldados pediram para diminuir o volume de uma TV. Moradores relatam que os militares usaram balas de borracha e spray de pimenta. O Ministério Público Federal vai investigar a atuação dos agentes. Quatro militares ficarão afastados do patrulhamento na comunidade enquanto responderem a um inquérito policial militar.

Para a Secretaria de Segurança e o Exército, traficantes estariam mobilizando os moradores do Alemão e da Penha contra os militares após o anúncio de que a Força de Pacificação permanecerá mais tempo do que o previsto no conjunto de favelas. A determinação é que a ocupação continue até junho do ano que vem, quando serão instaladas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).


fonte: R7

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