quinta-feira, 28 de julho de 2011

Por que não existe um representante dos agentes penitenciários no “Conselho da Comunidade”?

Medo? Preconceito? Indiferença? Esquecimento? Antipatia? Exclusão?

 


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Foto: ParaibaemQAP

O sistema penitenciário da Paraíba vive um novo momento no que diz respeito à ‘presença da sociedade’ nos presídios do estado. Recentemente, diversos segmentos sociais se uniram e formaram os Conselhos da Comunidade, grupos que envolvem estudantes, advogados, Pastoral Carcerária, entre outros.

Eles se reúnem periodicamente com a Vara da Execução Penal, com o Ministério Público e com diretores de unidades prisionais. E sempre para discutir assuntos ligados ao sistema prisional.

O que nos causa espanto – e questionamento – é: por que não foi convidado um representante dos agentes penitenciários para compor esses conselhos? Se o agente é, ao mesmo tempo, peça-chave do ‘sistema’ e membro da comunidade em que vive, por que essa exclusão?

Fazemos essa observação com base em Campina Grande (não sabemos se nas demais cidades essa representação também inexiste). Membros desses conselhos têm visitado unidades prisionais, conversado com diretores, mas nada de diálogo com os agentes. Ora, o que está faltando? Um voluntário?

Temos certeza absoluta que não. Os agentes penitenciários querem – e precisam! – sentar à mesa com os demais membros desses conselhos e expressar sua opinião, contar sua versão, dizer o que pensam, sentem e passam no dia-a-dia daquilo que essa mesma comunidade/sociedade acostumou chamar de “inferno”.

O agente penitenciário quer – e precisa! – dizer à comunidade o que os presos não dizem, quando daquelas ligações telefônicas feitas a emissoras de rádio e TV, ao vivo, tentando (e conseguindo) passar à sociedade a sensação de que “sempre são as vítimas da história”.

Por que esse conselho não pode (ou não quer) ouvir os agentes? Que espécie de diálogo é esse que exclui uma ‘peça’ importante da problemática?

Acredite ou não, ninguém mais do que os agentes penitenciários quer – e precisa! – que a tão badalada ‘ressocialização’ seja algo concreto na sociedade. Se alguém duvida, é só perguntar a um agente se ele prefere trabalhar num presídio com 1.000 detentos ou com apenas 100.

Se alguém duvida, é só perguntar a um funcionário do presídio – ou até a um policial mesmo – se ele prefere o confronto com o ex-detento na rua, ou constatar que aquele sujeito deixou a vida do crime e se tornou um cidadão de bem.

Agora, o problema é saber se o preso quer se reintegrar à sociedade. Alguém já perguntou aos apenados mais exaltados por que eles insistem em comandar o tráfico nos presídios, espancar ‘minoritários’ e tentar fugas? Ou falta alguém para fazer essa pergunta?

Está na hora de democratizar esse debate.

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